Dispõe sobre denominação do prédio Anexo ao “Centro Administrativo Municipal Dr. Astolpho Gazolla” e dá outras providências.                                                   

Art. 1º Fica o prédio Anexo ao “Centro Administrativo Municipal Dr. Astolpho Gazolla”, que será construído na Avenida Brasil, nº 225 A, Bairro Jardim América, neste município, denominado “ANEXO PROFESSORA CLOTILDE IEMINI DE REZENDE BRASIL”.

Art. 2º O Executivo Municipal providenciará a colocação de placas indicativas, no prazo de 90 (noventa) dias, após o término das obras, bem como a devida comunicação à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – Correios, CEMIG E COPASA.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, nos termos do Art. 174 da Lei Orgânica Municipal.

JUSTIFICATIVA:

Senhor Presidente,

Senhora Vereadora,

Senhores Vereadores,

Submetemos à apreciação e votação dos ilustres Vereadores a presente proposta que denomina o prédio anexo ao “Centro Administrativo Municipal Dr. Astolpho Gazolla”, que será construído no Bairro Jardim América, neste Município, com a finalidade de abrigar a Secretaria Municipal de Educação.

Sabedores da importância que se deva dar a denominação de obras e lugares públicos, ainda mais aqueles que de uma forma ou de outra servem com mais amplitude aos anseios da população, vimos propor a denominação do novo prédio com o nome daquela que é sinônimo de cultura, conhecimento e vontade de levar o saber às pessoas, Clotilde Iemini de Rezende Brasil, nasceu em 27 de maio de 1913, em Varginha/MG, filha mais velha dos imigrantes italianos Roberto Iemini e Maria Ghetti Iemini.

Desde cedo demonstrou interesse e habilidade para o magistério. Enquanto fazia seus estudos no curso secundário, prestava serviços na área de educação no próprio colégio, ao se formar (Curso Normal) começou oficialmente a jornada.

Realizou seus estudos no Colégio Santos Anjos, em Varginha, até formar-se professora primária, em 1930. Iniciou sua vida profissional em 1931 e permaneceu em Varginha até casar-se, em 09/12/1936, com Romeu de Moraes Rezende, fazendeiro em Três Corações.  Mudou-se então para a Fazenda da Colônia, propriedade de seu marido. Nessa fazenda reiniciou sua vida profissional, em uma escola rural especialmente criada para a fazenda: Escola Rural Estevam Ezequiel de Rezende, nome esse dado em homenagem ao seu sogro.

Mãe de sete filhos: Estevam, Roberto, Paulo, João Flávio, Maria Cristina, Mário e Thaís. Ela, porém, não parou de trabalhar e de se aperfeiçoar. Seu currículo:

1930 – Formou-se como professora, em Varginha – MG;

1931 a 1942 – Professora em Colégios de Varginha;

1946 a 1951 – Professora na Escola Rural de sua fazenda;

1951 – Curso Regional de Treinamento Rural – CRTR - em Divinópolis, criado e orientado pela Professora Helena Antipof;

1952 a 1962 – Professora em escolas da prefeitura, escolas estaduais e de alfabetização de adultos do Exército, em Três Corações. Passando pelo cargo de Diretora substituta em uma das escolas estaduais;

1959 a 1972 – Professora em Colégio Estadual e em Colégio Particular das matérias: Língua Portuguesa, Francesa, Espanhola e História do Brasil;

1960 e 1961 – Curso de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário – CADES;

1962 e 1963 – Ministra o CADES;

1968 a 1971 – Curso de Letras, Português/Francês, na hoje UNINCOR - Universidade Vale do Rio Verde de Três Corações – MG;

1968 a 1975 – Professora de Língua Portuguesa no Colégio de Aplicação da UNINCOR;

1973 a 1975 – Professora de Língua Portuguesa na UNIFENAS -  Alfenas-MG;

1974 a 1976 – Curso de Especialização em Linguística – PREPES, na Universidade Católica de Minas Gerais, em Belo Horizonte – MG;

1968 a 2000 – Professora das matérias: Língua Portuguesa, Literatura Portuguesa, Prática de Ensino, Linguística, na UNINCOR;

2001 em diante – Assessora na área de Português da UNINCOR;

2002 – no mês de abril fez a Dissertação de Mestrado em Educação - área de concentração: Educação e Sociedade – na UNINCOR, sobre o tema – A Ironia em Eça de Queirós;

2005 – Em junho de 2005, foi homenageada pela Casa de Portugal de São Paulo, quando recebeu a Comenda Infante Dom Henrique, como a mais antiga Professora de Língua Portuguesa no Brasil.

Em julho de 1969, seu marido faleceu. Em 1979 casou-se com Darcy Brasil (autor do hino de Três Corações), com quem viveu até a morte do mesmo, em 1983. Detalhe: incorporou o sobrenome do segundo marido, sem tirar o do primeiro.

Seus filhos todos crescidos e formados lhe trouxeram netos e mais netos. São ao todo dezessete. E os netos lhe deram a felicidade de bisnetos: vinte e oito. E ela não parou de estudar e trabalhar.

A Mestra Clotilde, quando defendeu sua dissertação de mestrado, em 2002,  estava com seus bem vividos 89 anos.

Clotilde foi desde cedo um exemplo de como levar o conhecimento, sem se importar com barreiras, as venciam. Amamentou o filho (ato de amor inconteste) em sala de aula, alfabetizou em zona rural, em sua própria casa e diga-se que foi então criada uma escola rural para lecionar em sua casa. Ela sabia, queria e fazia. Nem mesmo com sete filhos sua vontade ou disposição arrefeceram. Verdade é que teve um marido que lhe deu retaguarda (o Romeu). E ela foi em frente. Ajudando a manter a família, numa época em que a mulher era ‘apenas’ dona de casa e ajudando a forjar homens e mulheres cultos e com vontade de mais saber.

Se foi reverenciada pela Casa de Portugal em São Paulo com a Comenda Infante Dom Henrique e pelo escritor Rubem Alves (seu ex-aluno), por que não, tornar o nome Clotilde Iemini de Rezende Brasil, como um marco da cultura da cidade onde viveu toda uma vida? Afinal, conforme denominada pelo Jornal Folha de São Paulo (edição de 29/03/2005), ela é a ‘Senhora do Ensino.’

Diante do exposto, espera este Poder Executivo a aprovação do Projeto de Lei em epígrafe.

Atenciosamente,

JOSÉ ROBERTO DE PAIVA GOMES

Prefeito Municipal